terça-feira, 23 de setembro de 2008

Louvação - poema de Eraldo Mai, para Machado de Assis

LOUVAÇÃO

Vou fazer a louvação
de quem deve ser louvado
peço-lhes pois atenção
à louvação de Machado
de Assis o pai de Rubião
louvo o escritor consagrado
o criador de Borba o cão
louvo do artista o seu fado

de Bacamarte o Simão
louvo o autor predestinado
a ser mestre da ficção
que em prosa do nosso agrado
nos conduz à reflexão
nas malhas do enunciado
em sutil enunciação
dos mundos que ele há criado

mais o louvo na invenção
de um olhar dissimulado
o de Capitu e então
por ter relativizado
nesse olhar o sim e o não
tudo assim imaginado
na sua imaginação
e em nosso olhar transformado

faço o fim da louvação
daquele que eu fiz louvado
grato sou pela atenção
à louvação de Machado
bruxo em Cosme sem Damião
bruxo do verbo encantado
por nos ter dado a ilusão
de que o não-dado foi dado

ERALDO MAI
Cabo Frio
, Ferlagos, 16/9/08

3 comentários:

Unknown disse...

Lembra muito a LOUVAÇÃO de Torquato Neto e Gilberto Gil.
http://www.gilbertogil.com.br/sec_discografia_obra.php?id=36

Cláudio Capuano disse...

Bem observado! De fato, antes da leitura do poema no evento, o poeta explicou que havia se baseado na Louvação do Torquato e do Gil!

Anônimo disse...

O professor Eraldo é maravilhoso. Eu tive o prazer de presenciar esse momento.