Entre os dias 26 e 28 de agosto de 2008, realizou-se no Colégio Militar do Rio de Janeiro o segundo seminário de literatura. No ano passado, realizamos um pequeno evento interno, em que os professores da casa expuseram aos seus pares as suas produções acadêmicas. Somos muitos na área de literatura, mas não conhecíamos os temas das dissertações e das teses dos nossos colegas.
Em 2008, o tema foi "Em torno de Machado de Assis". Foram três dias muito produtivos, em que contamos com a presença de público externo e também de alunos do colégio. Pretendo postar aqui, nas próximas semanas, alguns comentários sobre o evento. O primeiro deles reporta-se ao que aconteceu por último. No final do evento, a aluna Carolina Turboli, por sugestão da professora Claudete Daflon, leu uma crônica feita por ela, momentos antes. A crônica pode ser lida aqui e no site do evento:
http://www.seminarioestudosliteratura.com.br/seminario/cronica.htm
Parabéns, Carolina!
No dia 26, finalmente, a já esperada visita chega pelos portões imperiais do Colégio Militar: em rostos mil, Machado entra sem muita formalidade – em prosa e verso. Bom pra nós, seres com fome casmurra do velho, que vivemos esses 3 dias alimentados por decodificações e debates repletos de literariedade, matéria que voa além das entrelinhas sem deixar que a magia destas se perca. E, pra que a carne não inveje a fartura cultural, servidos por guloseimas concretas que equilibram a plenitude da mente e do corpo. A beleza do auditório amplia a viagem atemporal. Machado senta ao nosso lado, ironizando sua foto embranquecida e sempre se encaixando bem no contexto, qualquer que seja o ambiente. Passeamos com intimidade por seu espaço físico e psicológico, conversando com os segredos da ABL e do Real Gabinete, questionando mistérios famosos enquanto surgem tantos outros. Um fato é certo: cada vez mais apaixonados por Capitu e prontos pra lhe dar a palavra. E, de repente, o alienista parece ainda mais esférico. E, não mais que de repente (e sem medalhões), brilham nossos olhos entregues ao reviver histórias que um dia pensamos, ingênuos, já termos tocado o fundo. Doutores e mestres, alunos e professores, conhecemos e reconhecemos a Poesia-flor do Mestre, que borboleta exaltando a musa-mor Carolina e algumas outras, mas revelando também suas falenas, tão complexas e fascinantes quanto Bentinho e Brás.Após nossa nova missa do galo, Conceição tira o véu sem reticências para sentar-se à mesa das releituras, na sombra fresca da imortalidade machadiana, com a sinceridade já conhecida dos defuntos - autores ou não. Diante do espetáculo único, cá cumprimos o papel de amantes, procurando descobrir o mundo de Machado, povoando-o sem desvirtuá-lo do apelido que recebeu: bruxo. Abençoados somos nós, que vivemos com ardor sua magia; certamente sairemos desse auditório um pouco mais sábios a respeito dos seus feitiços, e infinitamente mais curiosos.Para encerrar, abraço Machadinho, atando as pontas do Tempo e desse belíssimo seminário. Parabéns aos organizadores e palestrantes e, em nome de todos, agradeço o banquete intelectual.(Aluna Carolina Turboli – Turma Humanas I – 2008).
Vamos recomeçar em breve.
Há um ano
Um comentário:
Como professora, não de Literatura, mas de Música, e enquanto a educadora que a cada dia procuro me (re)fazer, agradeço os minutos de prazer ao ler sua crônica Carolina. Com tempo para aposentar, mas insistindo em ensinar/aprender/compartilhar, através do teu olhar/palavra vi M. de Assis e suas personagens-personas passearem em minha memória, sentindo-as presentes, abalando construções racionais de tempo-espaço. Machado (uma das minhas descobertas apaixonadas de adolescente!) vivo nas penas-blogs uma jovem-em-vibra-ação com toda uma riqueza que, ingênua..., pensei adormecida. Parabéns, Carolina!
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