No finalzinho desse dia 04 de outubro, dia da morte
de São Francisco de Assis, um poema da portuguesa Florbela Especa, a respeito
do santo, e da morte de seu único irmão.
Belíssimo soneto...
In memoriam
Ao meu morto querido
Na cidade
de Assis, Il Poverello
Santo, três vezes santo, andou pregando
Que o sol, a terra, a flor, o rocio brando,
Da pobreza o tristíssimo flagelo,
Santo, três vezes santo, andou pregando
Que o sol, a terra, a flor, o rocio brando,
Da pobreza o tristíssimo flagelo,
Tudo
quanto há de vil, quanto há de belo,
Tudo era nosso irmão! - E assim sonhando,
Pelas estradas da Umbria foi forjando
Da cadeia do amor o maior elo!
Tudo era nosso irmão! - E assim sonhando,
Pelas estradas da Umbria foi forjando
Da cadeia do amor o maior elo!
“Olha o
nosso irmão Sol, nossa irmã Água…”
Ah! Poverello! Em mim, essa lição
Perdeu-se como vela em mar de mágoa
Ah! Poverello! Em mim, essa lição
Perdeu-se como vela em mar de mágoa
Batida
por furiosos vendavais!
- Eu fui na vida a irmã de um só irmão,
E já não sou a irmã de ninguém mais!
- Eu fui na vida a irmã de um só irmão,
E já não sou a irmã de ninguém mais!
Florbela Espanca - A mensageira das violetas